Porto Velho - 1960
Transporte de cargas e passageiros:
Fluvial - o único serviço regular era fornecido pelo SNAAPP (Serviço de Navegação da Amazônia e Administração do Porto do Pará), que mantinha uma viagem por mes até Belém, passando por Manaus. Atrazos aconteciam, embora os navios utilizados fossem de excelente qualidade. Além desse serviço, apenas as viagens irregulares nas embarcações de madeira típicas da região. Os chamados "motores de linha".
Ferroviário - eram já precárias as condições de tráfego na deficitária Madeira-Mamoré. A viagem dos comboios tracionados pela velha "maria fumaça" até Guajará Mirim, nos seus 366km de extensão, era vencida em 2 (dois) dias com pernoite em hotel da Ferrovia na localidade de Abunã, a 220km de Porto Velho.
Aéreo - havia apenas uma viagem semanal para Belém, com parada em Manaus, nos velhos Catalina de tão grandes serviços prestados na Amazônia. Duas viagens semanais ao Rio de Janeiro, usando aviões DC-3, pela rota do Mato Grosso, com pernoite em Cuiabá. Portanto, dois dias de viagem. Adicionalmente, uma viagem do Correio Aéreo Nacional (Viva o CAN !), também na rota do Mato Grosso, indo até o Acre.
Rodoviário - era inexistente. Estradas apenas carroçáveis, fechadas pelas chuvas grande parte do tempo, aventuravam-se por poucos quilometros, sem grande significado.
Como uma das consequências dessa realidade, as distâncias entre localidades não se media em quilometros, mas em duração de tempo: tantas horas, ou tantos dias para chegar ao destino, pelos infindáveis meandros dos rios da Amazônia. Era uma medida mais adequada às condições.
Energia elétrica. Era disponível apenas umas poucas horas durante o dia e, à noite, desligada impreterivelmente às 22h. Foi a época do reinado das geladeiras à querosene, das lamparinas e dos lampiões à gás. De voltar do cinema para casa correndo, tentando não ser apanhado pela escuridão ainda nas ruas. Mas sem medos, que a vida era tranqüila e não violenta.
Hoteis. Desprovida de rede hoteleira, os poucos viajantes hospedavam-se em casas de amigos ou em hospedarias de qualidade duvidosa. Apenas o Porto Velho Hotel, de propriedade estatal, operado por concessionários, e um dos pontos de encontros preferidos, merecia essa denominação.
Alimentação. Basicamente constituída de peixes, abundantes à época, enlatados, farinha de mandioca e frutos. As frutas locais tinham grande importância na dieta da população. Frequentemente, quando atrazavam os navios de transporte desde Belém e Manaus, desapareciam diversos produtos essenciais. A carne bovina vinha da vizinha Bolívia, mesmo quando doenças no seu rebanho fizeram o governo federal proibir importações de carne do país vizinho.
É. Porto Velho era como uma falsa península. Seu istmo, o rio Madeira. Mas era possível superar o "mar" de floresta em volta. Necessárias e suficientes, "apenas" a coragem e a determinação que tornaram-se as marcas registradas de JK.
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